A Face Oculta da Proclamação da República: Elitismo e Exclusão

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em 15 de novembro de 2023

A Face Oculta da Proclamação da República: Elitismo e Exclusão

Entre a Idealização e a Realidade: O Lado Esquecido da República Brasileira

Em 15 de novembro, o Brasil celebra a Proclamação da República, um marco que deu início a um novo regime político em 1889. No entanto, historiadores apontam uma realidade sombria por trás dessa celebração: o início excludente da República, privilegiando apenas alguns setores sociais.

No virar do século 19 para o 20, a nova ordem republicana deixou de fora pobres, negros, indígenas e mulheres. Segundo a historiadora Camilla Fogaça, do Coletivo Historiadores Negros Tereza de Benguela, a República foi um projeto da elite agrária cafeeira e dos militares, excluindo grande parte da população brasileira.

O historiador Vantuil Pereira, da UFRJ, reforça que a concepção de República era elitista, liderada por setores militares e positivistas, e primava pela exclusão das parcelas pobres e dos negros. A Proclamação da República foi liderada por uma parcela do Exército, fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes médias urbanas, marcando uma continuidade das configurações raciais e de gênero da monarquia.

Apesar da hegemonia branca e masculina, houve protagonismo de um homem negro, o jornalista e vereador José do Patrocínio. No entanto, as mulheres foram excluídas da nova ordem sociopolítica, como evidenciado pela Constituição de 1891, que excluía a participação feminina no voto.

Instrumentos restritivos como o código criminal e a perseguição aos capoeiras atingiram especialmente negros e pobres. A nova constituição limitava o direito de voto do analfabeto, excluindo a maior parcela de analfabetos que eram ex-escravizados.

Passados 134 anos, a Proclamação da República é mais do que uma celebração; é uma oportunidade para refletir sobre os desafios atuais para tornar o país mais democrático e diverso. Vantuil Pereira destaca a necessidade de transformar o sistema de justiça, de ter políticas públicas para populações marginalizadas, de democratizar o sistema de ensino e de ampliar a participação das pessoas negras nos espaços de poder.

Este olhar sobre a Proclamação da República revela as camadas complexas de nossa história e os desafios contínuos para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva e democrática.

Fonte: Agência Brasil. Disponível em: Agência Brasil – Historiadores apontam elitismo da Proclamação da República.

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